A cultura da infância tem ocupado posição de destaque no cenário mundial, seja nos países desenvolvidos, seja nos países em desenvolvimento. Esta centralidade se dá desde a Revolução Industrial, no século 18, quando a mulher passou do papel de dona de casa e criadora dos filhos à gestora da vida familiar. Nasce então a necessidade de um ambiente para atendimento e acolhimento às crianças e, desde então, o ambiente escolar passou por vários momentos de ressignificação teórica que se estendem até os dias atuais. E entre os destaques contemporâneos estão em pauta as melhorias para a Educação Infantil.
A primeira etapa da Educação Básica, que compreende o atendimento escolar de crianças de zero a cinco anos de idade, é fundamental para o desenvolvimento integral dos pequenos, visto que é o momento de adaptação à rotina pedagógica, em que eles aprendem conceitos básicos necessários para as séries iniciais do Ensino Fundamental. Além disso, na Educação Infantil se desenvolvem aspectos cognitivos, afetivos, emocionais e físicos nas crianças, ampliando conhecimentos sobre a sua realidade social e cultural, contribuindo assim na construção da identidade e do exercício da cidadania.
Partindo dessa premissa, o MEC pretende implementar – em parceria com o INEP, que realiza avaliações educacionais em variados níveis de ensino – a Avaliação Nacional da Educação Infantil (ANEI), a fim de monitorar o nível da Educação Infantil no país. A ANEI surgiu da necessidade de se ter informações sobre a qualidade da Educação Infantil, visando oferecer às crianças uma escolarização de qualidade desde os primeiros anos na escola. A avaliação deve ser realizada a cada dois anos, por meio de questionários baseados em parâmetros nacionais de qualidade da Educação Infantil publicados pelo MEC, que deverão ser preenchidos pelos gestores e profissionais de instituições e sistemas de Educação Infantil (creches e pré-escolas), buscando aferir os recursos pedagógicos; o perfil dos educadores; as condições de gestão; a infraestrutura física; a situação de acessibilidade; a oferta de vagas, bem como outros indicadores relevantes.
A interpretação dos resultados da avaliação poderá contribuir para a melhoria da qualidade educacional em pontos importantes como o processo de formação contínua dos profissionais, a busca da igualdade de oportunidades em meio as diversidades e desigualdades sociais, e a objetividade na construção do currículo.
A Educação Infantil vem provando a cada dia que é primordial na aprendizagem efetiva, a partir da utilização de ferramentas essenciais para este período escolar, como o cuidado com a organização dos espaços e materiais; a promoção de atividades que provoquem o desenvolvimento de capacidades; a garantia do direito ao brincar como forma genuína de aprendizado e a prática de atividades lúdicas como ferramenta facilitadora na aprendizagem. Mas há de se pensar em melhorias na qualificação dos profissionais.
Acredito que a Avaliação Nacional da Educação Infantil virá para agregar valores no que tange à resolução e enfrentamento de problemas desta fase escolar. Sabemos das muitas arestas a serem aparadas. A Educação Infantil necessita cuidados e um olhar diferenciado, tendo vista que se trata do verdadeiro alicerce da aprendizagem, onde a criança se prepara para as próximas etapas educacionais.
Simone Barros é Analista de Operações da Planneta Educação
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