A Educação Integral é reconhecida como um caminho para melhoria da aprendizagem e redução de desigualdades. A opinião da população brasileira concorda com a afirmação: nove em cada dez brasileiros acreditam que essa concepção de ensino é necessária para o futuro das novas gerações, segundo pesquisa do Instituto Datafolha.
E mais: a mesma pesquisa evidencia o entendimento da população de que a melhora do nível do ensino, a ocupação de tempo com atividades qualificadas, a redução da criminalidade e a preparação para o mercado de trabalho são as principais vantagens da Educação Integral. Apenas 12% dos entrevistados indicam que a importância é apenas para manter as crianças ocupadas enquanto os pais trabalham.
E certamente, quando falamos de Educação Integral, não nos referimos a um apanhado de atividades para ”ocupar” as crianças e jovens. Também não se trata apenas de aumentar o tempo de exposição à aprendizagem. Para que ela se concretize, é necessário pensar em diferentes estratégias atreladas a uma diversificação de espaços e conteúdos que, de forma articulada, garantam a qualidade do processo educacional e contribuam para a ampliação de repertórios, melhor convivência e participação na vida pública, fluência comunicativa e ampliação de perspectivas de futuro.
A percepção da população em relação ao tema apresenta sinergia com estudos na área. Avaliações de impacto já realizadas apontam que a oferta da Educação Integral traz grandes contribuições no desenvolvimento de habilidades cognitivas e socioemocionais, na redução dos índices de evasão e na diminuição de desigualdades na aprendizagem dentro da escola.
Reconhecendo a importância do desenvolvimento pleno das crianças, adolescentes e jovens, o Plano Nacional da Educação estabelece, em sua meta 6, a ampliação da oferta dessa modalidade. Até 2024, 50% das escolas públicas precisarão oferecer jornada em tempo integral, atendendo a 25% dos alunos da Educação Básica. Mas alcançar estes índices não é um desafio simples. É preciso o envolvimento de diversos atores, somando grandes esforços.
Nesta linha, o Plano apresenta algumas estratégias para a concretização da meta. Uma delas traz a parceria entre Organizações da Sociedade Civil (OSCs) e escolas como uma possibilidade para ampliar a carga horária e o número de alunos participantes em atividades, de forma articulada com a rede educacional de ensino.
Sabemos que inúmeras OSCs têm desenvolvido projetos interessantes e com grande potencial de transformação. Uma boa medida é a relação das organizações que participam do Prêmio Itaú-Unicef, realizado pelo Itaú Social e Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), que em 2018 está com as inscrições abertas para sua 13ª edição e comemora 23 anos de história. Nessa trajetória, foram mais de 17.000 projetos inscritos e cerca de 1.750 cidades beneficiadas. A cada edição, no processo de avaliação das ações, é possível perceber a diversidade e relevância das ações na garantia de direitos, em especial, o da Educação.
Na medida em que oferecem conteúdos diversificados e oportunizam às crianças e jovens a circulação e apropriação do local onde vivem e a ampliação de conhecimentos e experiências, as OSCs assumem papel fundamental para o desenvolvimento das múltiplas dimensões humanas. E, neste sentido é importante garantir a qualidade pedagógica das ações. O entendimento e a definição das demandas, a intencionalidade e os objetivos de aprendizagem precisam ser claramente definidos entre as equipes gestoras e educadores envolvidos.
O aprimoramento constante das ações ofertadas a crianças, adolescentes e jovens, é condição essencial para garantir seus direitos e, assim, contribuir para a construção de um País com oportunidades iguais para todos.
Camila Feldberg é gerente de Fomento do Itaú Social
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