A migração de alunos das escolas particulares para as públicas registra altas seguidas há alguns anos e em 2018 não será diferente. Um importante indicador que mostra que o fenômeno ainda está em ascensão são as inscrições para vagas nas redes de ensino municipal e estadual, que terminam em poucos dias, até mesmo horas, de acordo com a boa fama da instituição de ensino. Para ser ter ideia, só em São Paulo, o número de alunos que migrou para a rede pública aumentou em 25% em cinco anos. Esse aumento crescente se justifica não só pela crise econômica, que vem apertando o orçamento das famílias e mantendo a taxa de desemprego lá no alto; mas também pelos bons resultados no ensino de muitas escolas públicas. As mais procuradas pelos pais são justamente aquelas com melhor desempenho. E o sucesso dessas se espalha rapidamente.
Portanto, o principal desafio da educação pública, diante desse novo panorama, é o de aumentar a qualidade do ensino ofertado e manter a excelência nas escolas onde os bons frutos já aparecem e são reconhecidos. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) tem apresentado resultados positivos crescentes ao longo dos anos. Em 2015, por exemplo, a média das notas nos anos iniciais do Ensino Fundamental foi 5,5. Mas a meta estipulada pelo Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) para 2022 é 6,0, média correspondente a um sistema educacional de qualidade comparável a de países desenvolvidos. Eu acredito que conseguiremos alcançá-la ou, pelo menos, chegaremos bem próximo. Mas, para isso, é fundamental que o poder público ofereça uma boa capacitação àqueles que exercem o papel mais importante em todo o processo de ensinar nossas crianças: os professores. Eles precisam ter acesso a uma metodologia atualizada de ensino, moderna e instigante, que contribua não só para transmitir os conteúdos didáticos tradicionais, mas que desenvolva também nos alunos tanto as habilidades cognitivas quanto as socioemocionais, a fim de contribuírem efetivamente na formação dos cidadãos do futuro.
Torna-se urgente modernizar a metodologia de ensino nas escolas públicas. O “ensino industrial” empregado há muitos anos já não é o mais adequado para transmitir o conhecimento, não supre todas as necessidades inerentes aos nossos alunos nativos digitais, em um mundo em que tudo muda num piscar de olhos. Nossos professores da rede pública devem acompanhar essa constante ebulição de novidades e, para isso, precisam de cursos de aperfeiçoamento profissional. As Secretarias de Educação têm de estar atentas e preocupadas com essa questão quando desenvolverem seus planos de trabalho para 2018.
Intensificar a formação profissional de educadores para que desenvolvam novas habilidades é o caminho para uma educação de qualidade na escola pública! Giz e quadro negro não são mais as ferramentas principais de um professor. Agora, ele precisa ser munido de recursos digitais, elementos lúdicos de aprendizagem e ferramentas diversas que permitam que ele também transmita ensinamentos de uma forma criativa, inovadora e fique tão antenado em temas atuais quanto seus alunos. O Governo do Estado de São Paulo já deu um passo à frente, autorizando o uso de celulares em sala de aula em todas as escolas da rede estadual, como mais uma ferramenta de ensino e aprendizagem. Centenas de escolas de municípios do interior paulista também já contam com laboratórios de informática e fazem uso de diversos recursos tecnológicos, como tablets e aplicativos educativos para estimular o aprendizado das disciplinas.
A educação pública pode, sim, ser de qualidade! Basta que os governantes reúnam esforços em prol de nossas crianças, para que estejam preparadas para encarar o futuro que já bate à nossa porta.
Luis Antonio Namura Poblacion é Presidente da Planneta e atua na área de educação há mais de 35 anos.
Comentários