Com o home office cada vez mais consolidado como modelo de trabalho eficiente, chegou a 91% o percentual de profissionais qualificados que acreditam que o futuro do trabalho será em um modelo híbrido, revezando entre dias presenciais e remotos. Os dados fazem parte da 14ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH) realizada pela consultoria de recrutamento.
O chamado nomadismo digital tem crescido devido o desenvolvimento da internet e o aumento das profissões que precisam apenas de um computador conectado à internet para funcionar. Isso também tem a ver com o futuro das profissões, afinal, se antes apenas o influenciador podia trabalhar à longa distância, profissionais do setor da saúde, vendas, financeiro, também já conseguem trabalhar desta maneira.
Vale a pena ressaltar que alguns outros fatos contribuíram para o desenvolvimento desta nova modalidade de trabalho. A mudança de comportamento vem desde formação acadêmica e muito antes da pandemia. No anseio em se tornar mais competitivos os profissionais têm buscado formações no mundo virtual.
O ensino a distância em 10 anos, aumenta quase 5 vezes número de alunos que entram em cursos a distância do ensino superior, diz Inep de 2009 a 2019, modalidade do ensino a distância teve salto de 378,9% em matrículas de ingressantes, mostra censo do Inep – um aumento de 4,7 vezes. Nos cursos presenciais, o crescimento foi de 17,8%. A conectividade deve impulsionar ainda mais, nos próximos anos, o ensino a distância no Brasil. O setor hoje tem crescido concomitantemente com conectividade e familiaridade dos usuários.
Esta previsão é vista na imigração dos cursos presenciais para o ensino virtual. Em um ano, quase 120 mil alunos migraram de uma modalidade presencial para o ensino a distância. O número consta de estudo feito pelo Semesp (entidade das mantenedoras de ensino superior) com base nos microdados do Censo da Educação Superior feito pelo Inep (instituto ligado ao Ministério da Educação).
A principal tendência que avaliamos é a interiorização do estudo e do trabalho. Muitas pessoas de cidades menores terão melhor qualidade de vida e menor custo a partir do acesso a estudo e trabalho em grandes centros por meio da internet. O desafio atual para essas pessoas é a qualificação adequada e elas estão começando a perceber que podem estudar e conquistar boa formação em universidades da Inglaterra, Austrália ou Estados Unidos da América sem mudar de cidade tampouco de país.
No Brasil, segundo dados do relatório “Education at a Glance”, mostram que o país ainda está engatinhando no que diz respeito à pós-graduação. De acordo com o estudo, entre os 35 países com dados disponíveis sobre o tema, o Brasil tem a quarta menor taxa de pessoas entre 25 e 64 anos que possuem doutorado. Enquanto no país esse índice é de 0,2% dessa população, a média das nações que compõem a organização é quase seis vezes maior, alcançando 1,1%.
Os trabalhadores diplomados podem ganhar até 5,7 vezes mais que os profissionais com outros níveis de escolaridade. Quando o nível é mestrado e doutorado de acordo com os dados Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) quem fez mestrado ganha, em média, remuneração 84% maior do que quem tem só graduação. E quem fez doutorado recebe, também em média, 35% a mais do que quem tem apenas mestrado. A remuneração média de um mestre, em 2014, era de R$ 9.719,00, enquanto a de um doutor era de R$13.861,00.
Há 10 anos, a universidade americana Ambra University, se propõe a qualificar profissionais com cursos rápidos, pós-graduação e mestrados – em português – nos Estados Unidos de forma totalmente via internet. O bom cenário para o ensino superior via internet que previmos lá atrás está começando a aparecer agora. O mais sensato é que profissionais e estudantes percebam esse movimento e preparem-se para o médio e longo prazo em suas carreiras. Sem sobra de dúvida, o mundo virtual será o palco central de atuação.
*Alfredo Freitas é pós-graduado em ‘Project Management’ pela Sheridan College no Canadá, graduado em Engenharia de Controle e Automação e Mestre em Ciências, Automação e Sistemas, pela Universidade de Brasília.
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