Doar sangue é tão simples como doar alimentos

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Pense comigo: as pessoas doam roupas para quem não tem o que vestir, alimentos, para os que têm fome, cobertores para os que sentem frio, mas, e aqueles que precisam urgentemente de sangue para sobreviver? E aqueles que precisam de plaquetas, por exemplo, para combater um linfoma ou uma leucemia? Assim, com quase 40 anos, resolvi doar sangue pela primeira vez e compartilho essa experiência com você, leitor.

Os hemocentros diariamente enfrentam uma “batalha” para suprirem a demanda por sangue, que é muito grande não apenas em São Paulo como no resto do país. O ideal seria uma doação média diária de 10 mil bolsas, meta que raramente é cumprida. Isto porque, as pessoas sentem medo de doar. 

“Ouvi dizer que dói”; “Ah, a agulha nem sempre é descartável”, “Nossa, uma amiga foi e passou muito mal”, “Você vai lá doar? Boa sorte, eu não tenho coragem”, estas são algumas das respostas mais ouvidas. O medo é grande, por falta de conhecimento. E quando se experimenta esse processo, além de se entender que é fácil, sem dor e até gostoso, não se vê a hora de voltar, porque sentir o bem que se pratica não tem preço.

Agendamento no site
Assim, primeiro agendei a minha doação no site da Pró-Sangue onde é também aberto um cadastro para o doador. No site, é preciso responder algumas perguntas como: se já teve alguma doença como malária, Covid ou H1N1, se viajou para algum lugar de risco, se tomou algum remédio cardíaco e outros. 

Realizado o agendamento na data e horário de sua preferência, a Fundação pede que se escolha um dos cinco postos de atendimento em São Paulo: Posto Clínicas – no primeiro andar do hospital das Clínicas; Posto Dante Pazzanese; Posto Osasco; Posto Mandaqui e Posto Barueri. 

Escolhi o Posto Clínicas. Alguns dos requisitos para doar são: ter entre 18 e 69 anos, estar bem alimentado e bem hidratado, não consumir bebida alcoólica 12 horas antes e não comer nada gorduroso 6 horas antes. Dormir bem é muito importante, no mínimo, 6 horas antes de doar. 

Hora de doar
Assim que cheguei às 9h45 da manhã, fui recebido com carinho pela assessoria e pela equipe que coletaria o meu sangue. E pude ver que TODOS são acolhidos da mesma forma. O hemocentro estava cheio, como você vai ver nas fotos tiradas pela assessora Kátia Maria. A equipe que atende é de muito respeito e competência. 

Logo que cheguei foi conferido o meu cadastro e em seguida, a realização do teste de anemia. Se estivesse com anemia, não poderia doar meu sangue. O terceiro passo foi a aferição de pressão, batimentos cardíacos e peso: pressão 12/9; 85 batimentos por minuto e 75 kg registrados (meu normal é 70). A comida da noiva, os bolos e doces que ela faz aos finais de semana foram os culpados por esse último.

Na sequência, passei por uma triagem clínica, na qual uma médica novamente me entrevistou sobre eventuais problemas de saúde e até mesmo se estou bem alimentado. 

Sala de coleta
Finalizada esta etapa, fui levado à então sala de coleta. Sentei na cadeira e a colaboradora Adriana Ribeiro cuidadosamente avaliou meus braços – uma questão de achar a melhor veia para coleta do sangue. Enquanto procurava, me contou “Estou aqui há 1 ano e meio, e vejo muita gente com medo, mas depois que doam, percebem que muitos mitos não existem e claro, além de ser gostoso e rápido, ainda ganham um lanchinho muito bom na cantina”.

Quando a gente doa sangue, a coleta é também minuciosamente examinada, para verificar se não há nenhuma doença como Chagas, hepatites B e C, HIV, sífilis e HTLV-I e II. Recebe-se por e-mail as informações como tipo sanguíneo, fator RH e se há ou não algum impedimento para doação. Ou seja, doar sangue também ajuda a salvar a própria vida.

Ao meu lado, um casal também estava doando sangue. Josivania de Oliveira Souza Coelho e Flávio de Souza Coelho. A esposa doava pela primeira vez, assim como eu. Seu marido já tinha larga experiência adquirida com o pai, que também era doador costumeiro. “Eu sentia medo, mas meu marido me convenceu de que é realmente muito simples e não doi nada, não tem perigo e sim, a gente é tratado maravilhosamente bem”. Flávio acrescenta: “Eu vim com meu pai e desde então nunca mais parei. As pessoas precisam dessa experiência, porque além de não fazer qualquer mal, ainda salvam vidas”.

Enquanto entrevistava, sentado, nem percebi a agulha que já estava na veia. Uma picadinha que nada doi. Braço relaxado, ambiente gostoso, o procedimento não levou nem 20 minutos e eu já aguardava o tão falado “lanchinho”… 

Pódio
Aproveitando o clima das Olimpíadas de Paris, a Fundação criou a campanha “Quem doa sangue vale ouro” e disponibilizou um pódio, para as pessoas que doam sangue tirarem fotos. Edilene Gomes da Silva foi uma delas e após tirar fotos no pódio, disse: “Doar é uma delícia, a gente passa um tempo gostoso sem sentir que está fazendo um bem danado a quem precisa. Não doi nada e não tem risco nenhum, a gente ainda faz amigos e me sinto honrada em fazer isso sempre”

Por fim, terminei o lanche – que estava delicioso e voltei para casa, me sentindo muito bem disposto. 

Para voltar a doar, tenho que esperar um prazo de 60 dias. Mulheres aguardam 90 dias. E claro que em breve retornarei. As plaquetas do sangue também podem ser doadas a parte, e por sua vez, a cada 15 dias, após a doação de sangue. Contudo, esta será outra reportagem em breve.  

Acesse o site da Pró-Sangue e agende a sua doação também, Veja os requisitos e impedimentos e claro, vá tranquilo, bem alimentado e hidratado, porque não doi nada, não tem perigo e vale muito a pena.  

Reportagem: Fernando Aires. Foto: Divulgação.

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