Jornais e mídias de bairro celebram 129 anos de lutas pela comunidade

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O papel da imprensa, seja qual for, é o de mostrar os dois lados da notícia à comunidade, levando em conta a verdade acima de tudo e de todos. É nos bairros que o país que se deseja começa a ser construído e a imprensa regional há anos trabalha arduamente para ser uma ponte entre os poderes constituídos e a população.

Em 1999, por um Projeto de Lei do então vereador Osvaldo Enéas/PRONA e iniciativa do jornalista Eduardo Monteiro, junto a homenagens e ações para comemorar o dia do jornal de bairro foram feitas naquele ano e no seguinte, na data de 1º de setembro.

Sendo assim, nesta data, comemora-se o Dia do Jornal de Bairro, por meio da Lei nº 13.919 de 6 de novembro de 2004, que alterou a redação da lei nº 10.777, de 22/11/89, que já instituiu o dia do jornal de bairro. Isso graças ao projeto de lei 840/03, do Vereador Antonio Goulart/PMDB. A lei de 89 foi alterada por conta de um gravíssimo detalhe: na ocasião, o texto não apontava a data da comemoração: 1º de setembro. 

As mídias regionais são produzidas por gente apaixonada por comunicação. Gente que ama se comunicar, ama a liberdade de imprensa e quer o melhor para o seu bairro e a sua gente. Gente que o dinheiro não compra.

O começo desta jornada
Há 129 anos surgiu o primeiro jornal de bairro de São Paulo: “O Bráz”, de propriedade de Albino Soares Bairão, e que foi lançado em 1º de setembro de 1895. De lá para cá, centenas surgiram ao longo dos anos, inspirando cada vez mais jornalistas e leitores a se aprofundarem nas questões sociais, culturais e políticas de seus bairros.

Criada em 2019 pelo Grupo Raiz e pela Agência Pérgola, a plataforma digital SP Regional, por exemplo, tem a missão de quantificar as mídias regionais em São Paulo (impressas e digitais), em bairros e cidades que juntas somam aproximadamente 15 milhões de pessoas.

Atualmente, o SP Regional tem 178 mídias registradas, mais de 100 marcas de veículos de comunicação, sendo jornais, revistas, guias, perfis de redes sociais, portais, rádios e emissoras comunitárias, trabalhando e levando a informação sob as mais diversas dificuldades e realidades nesta gigantesca “selva de pedra” que é São Paulo e Grande SP.

“Na plataforma SP Regional, nós já conseguimos cadastrar 176 mídias. A SP Regional é gratuita para os veículos locais e o intuito é tornar a classe de mídia local e seus editores cada vez mais forte, com intercâmbio de informação, debate sobre necessidades, investimento e ideias para todos”, afirma Antonio Gelfusa Junior, diretor do Grupo Raiz e da SP Regional.

O SP Regional traz mídias situadas em cada parte da cidade, todas cadastradas, com logomarca própria e com seus contatos expostos. Cada qual com a missão de cobrir o cotidiano e manter bem informada um universo de milhares de leitores.

Criado em outubro de 2017, os Canais Oficiais Cidade São Mateus, são um exemplo desta luta: “Somos hoje, o maior canal de notícias da região que abrange cerca de 800 mil pessoas nos distritos Iguatemi, São Rafael e São Mateus. Em parceria com a EMTU, mantemos área de leitura dentro do Terminal Metropolitano de São Mateus, que é periodicamente abastecido com livros. Desenvolvemos e apoiamos iniciativas de cunho social e cultural, possuímos o maior acervo histórico sobre a região, fruto de pesquisa e contribuições dos munícipes. Além, é claro, de noticiar acontecimentos, fatos, curiosidades e peculiaridades sobre toda região”, afirma o editor-chefe Cláudio Santos.

A jornalista e editora do Jornal do Momento News, Riselda Morais, destaca que a mídia regional, estimula o sentimento de pertencimento nas pessoas: “Somos jornalismo local, de proximidade, fundamental para uma sociedade mais justa e participativa. Contribuímos com o crescimento das empresas, desenvolvimento do comércio, damos notoriedade às personalidades, divulgamos ações, produtos e serviços. Fiscalizamos o poder público, prestamos serviço a comunidade, damos voz ao munícipe para que suas necessidades sejam percebidas, lutamos para que suas reivindicações sejam atendidas, com eles e por eles fazemos as denúncias necessárias”, explica.

Segundo o jornalista e fundador do Jornal Infoleste, Alexandre Bueno: “Há mais de 30 anos trabalhando com a mídia regional e, há mais de 12 anos à frente do Jornal Infoleste, posso afirmar que os jornais de bairro, que completam 129 anos de história, têm um papel fundamental na cidade de São Paulo, servindo como importantes veículos de comunicação e expressão das comunidades locais. Proximidade com a comunidade, espaço para vozes locais e parceiro do empresário local. Eles são um canal entre a comunidade e os órgãos públicos, uma categoria essencial em uma cidade tão complexa e gigante como São Paulo”.

Publicidade e parceria com a comunidade
Os portais, blogs, redes sociais e jornais locais ainda batem de frente com o segmento da grande mídia e das big techs, no sentido de aproximar mais os pequenos, médios e grandes empreendedores de sua própria comunidade. 

Afinal, de que adianta ter um jornal impresso, um site, rede social e estar no Google, se o bairro não conhece seu próprio comércio?

Grandes oportunidades
São os jornais e mídias de bairro que abrem portas a quem esteja começando, não importa a sua idade.

Jornalistas, publicitários, vendedores, desenhistas, inúmeros profissionais encontram nas mídias regionais um novo nicho de atuação. Um começo e um recomeço.

Muitos vendedores que começam de forma acanhada, chegam a conquistar espaços publicitários e fidelizá-los, criando suas próprias carteiras de clientes, conseguindo com isso uma renda fixa, que é o sonho de muitos corretores de imóveis, por exemplo. 

Afinal, publicidade em mídia regional e de bairro também é investimento e dá retorno.

A imprensa regional é o caminho para entender e aprimorar o lugar onde se vive, trabalha, onde se pode guardar sua família, seus amigos, seus discos, livros, e nada mais.

Onde se é feliz.

Reportagem: Fernando Aires. Foto: Divulgação.

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